Há uns dias, andando pela rua Palestra Itália, em São Paulo, me deparei com a entrada principal da sede do Palmeiras, próximo ao estádio Allianz Parque. Meu avô foi um fervoroso palmeirense e, apesar de não ter conseguido me influenciar totalmente, sempre senti uma simpatia pelo Palmeiras, principalmente pelas saudosas lembranças da minha infância. Além destas lembranças, que lampejaram meus pensamentos, me remeti ao dia 8 de julho de 2023, última vez que estive no Allianz Parque e que, coincidentemente, foi uma partida contra o Flamengo, mesmo cenário do dia da minha revisita agora, em outubro de 2025, no entanto, com a partida sendo realizada no Maracanã.
Lá, em julho de 2023, fui ao Allianz Parque, como boa amante de futebol, para ver uma grande partida, dada a conjuntura da crescente rivalidade dos dois times, dada, principalmente, pelas ótimas temporadas disputadas nos últimos anos. Para mim, a experiência foi ótima, marcante, todavia, não apenas pela alegria das quase duas horas no estádio; ao chegar ao local onde estava hospedada, vi inúmeras notícias falando da confusão que houve antes do início da partida entre Palmeiras e Flamengo, que ocasionou uma vítima fatal, a Gabriella Anelli.
O que este episódio tem a ver com o tema “Fé e Esporte”? Pois tem tudo. Se nós, cristãos católicos, fomos exortados a sermos construtores da paz, como se manter apáticos a um cenário violento dentro e fora dos campos? Sabemos que a cultura esportiva, seus ideais e objetivos são para o aperfeiçoamento do ser humano, com um fundo humanístico. Já foram mais de 384 mortes nos últimos 30 anos, ocasionadas no âmbito das disputas futebolísticas e, ao invés de este cenário melhorar, as reações desproporcionais são, infelizmente, constantes.
O mercado do futebol é, com certeza, multimilionário; são vários patrocinadores e vemos o quanto as apostas esportivas têm movimentado o mercado financeiro. E se uma pequena parcela destas transações fosse investida em uma melhoria na imagem do futebol? Para que as famílias voltassem a frequentar os estádios sem medo da violência ou, ainda, pagando exorbitantes valores nos ingressos? O futebol é um patrimônio cultural importantíssimo em nosso país, graças a ser uma modalidade valorizada pelo povo.
O Papa Francisco disse, em 13 de janeiro de 2024, a seguinte reflexão: “minha esperança é que, no momento histórico particularmente sombrio que estamos vivendo, o esporte possa construir pontes, derrubar barreiras e promover relações pacíficas” aos integrantes e familiares da Associação Esportiva Athletica Vaticana. A partir desta e de tantas outras reflexões, como nós, cristãos, podemos colaborar com a promoção da paz?
Amanda Oliveira
