I. I. - VER: Somos membros uns dos outros
“Como num só corpo, temos muitos membros, cada qual com uma função diferente, assim nós, embora muitos, somos em Cristo um só corpo e, cada um de nós, membros uns dos outros. Temos dons diferentes, segundo a graça que nos foi dada. ”
(Rm 12, 4-5)
A história recente do Brasil, sobretudo, a contemporaneidade, se expressa a partir de diversas manifestações culturais. De Norte a Sul, de Oeste a Leste, são muitos os exemplos que nossos irmãos e irmãs demonstram por meio de suas expressões artísticas, linguísticas, comidas e músicas típicas, a diversidade brasileira. Apesar da pluralidade cultural, ainda há exemplos que nos unem em diversos momentos, como por exemplo, a fé, a religiosidade, a língua pátria. No entanto, há uma outra expressão cultural que consegue unir a maioria dos brasileiros ao redor da TV, aos finais de semana, ou com maior apelo, de quatro em quatro anos.
O Futebol é, com certeza, o esporte mais popular no Brasil, são milhares de pessoas que aos finais de semana, rumam ao estádio com seus familiares, amigos, ou ainda, se reúnem em suas próprias casas para acompanharem mais um jogo do Campeonato Brasileiro ou em menor frequência, a Seleção Brasileira. Nos últimos anos, por questões diversas, a conexão do povo com a Seleção Brasileira diminuiu e, cada vez mais, percebemos que aquilo que há anos unia familiares, amigos já não tem a mesma força.
A partir da Campanha da Fraternidade de 2024, Fraternidade e Amizade Social, os bispos do Brasil refletiram e propuseram medidas efetivas para enfrentar o avanço da polarização, motivado por questões políticos, econômicas e culturais. Neste âmbito, foi pensada ações que poderiam, portanto, contribuir para uma reaproximação das pessoas, estímulo ao perdão e promoção da cultura do encontro.
De fato, é uma tarefa complexa e desafiadora, mas como disse o Francisco em uma reflexão sobre as Olímpiadas da França em 2024, sobre o papel dos Jogos Olímpicos, vale a pena, resgatar esta perspectiva do papel do esporte “[...] uma ocasião de encontro profundo e frutuoso entre pessoas de todos os horizontes, pertencentes a diferentes povos, culturas e religiões” assim é também a Copa do Mundo, celebrada no ano de 2026, na modalidade masculina e em 2027, na modalidade feminina.
A partir das várias reflexões a respeito da promoção da paz e da justiça social, vê-se a necessidade de propormos um caminho não tão desconhecido, todavia, desmotivado. Ao partirmos para a análise do modo de vida da sociedade contemporânea, impulsionado pela pandemia da covid-19, percebemos um crescimento na valorização da individualidade, em detrimento ao coletivo. Não à toa, que ainda em 2023, houve como discussão sobre o papel dos jogos online, chamados de e-sports, como uma nova modalidade esportiva.
Evidentemente que a tecnologia e a ciência trouxeram avanços inestimáveis para melhorar a nossa qualidade de vida, o estímulo para o trabalho home office ajudou àqueles que enfrentavam horas e horas no trânsito e uma possível diminuição na emissão de CO2. Estudos mais aprofundados podem responder às diversas perguntas a problemática desta modalidade, no entanto, o que ainda não conseguimos responder é como vamos enfrentar ao crescente estímulo à individualidade.
continua....
Amanda Oliveira
